Redenção e Escatologia
Coordenação: Samuel Dimas; Renato Epifânio; Luís Lóia
Parceria: Nota de Rodapé Edições
Lisboa, 2015: 430 pp.
ISBN 978-989-20-5876-4
Cota CEFi: (catalogação)
Redenção e Escatologia, 1.º volume: Idade Média, 1.º tomo
O primeiro volume de Redenção e Escatologia, dividido em dois tomos, contém a investigação realizada no âmbito de um projeto interdisciplinar sobre os temas da salvação do homem e da consumação do mundo na cultura portuguesa medieval.
A reflexão parte do horizonte mítico e poético para o sentido teológico e filosófico, na procura de desvelar o alcance metafísico da experiência religiosa originária do temor e da esperança, representada pela imagética do inferno e do paraíso. A noção de inferno representa o mal nas suas formas de sofrimento, injustiça, finitude, precariedade e morte, e a noção de paraíso representa o bem nas suas formas de amor, felicidade, justiça, infinitude, harmonia e eternidade.
Em termos religiosos, literários, artísticos e filosóficos, as representações da criação e do fim dos tempos, associadas à origem divina do mundo e à sua ação de justiça e misericórdia, encerram uma dimensão escatológica que importa descodificar, no contexto da experiência humana da finitude e do desejo de imortalidade.
O primeiro tomo desenvolve a reflexão acerca das noções de Redenção e Escatologia no contexto da herança patrística da Galécia e da Lusitânica, da herança islâmica e hebraica do al-Andalus e do Gharb al-Andalus e no contexto da espiritualidade cristã no período da fundação da nacionalidade.
A forte influência moçárabe na religião, no pensamento e na arte deste período da génese da nação portuguesa apresenta-se de forma significativa, por exemplo, na Bíblia iluminada do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra de que destacamos a ilustração das Tábuas de Concordância Evangélica (Sta Cruz 1, fl. 362v. Bíblia. séc. XII) com o recurso a motivos típico da arte hispânica como as colunas coloridas que suportam arcos ultrapassados em forma de ferradura, com representações do tetramorfo, e com o recurso aos motivos românicos dos frisos decorados com elementos vegetalistas entrelaçando lutas fantásticas entre animais apocalípticos, na delimitação entre o espaço profano das criaturas maléficas e o espaço sagrado que prefigura a vida celestial.